As primeiras manifestações dos Caretas em terras jardinenses, segundo relatos históricos, surgiram nos finais do século XIX.
Inicialmente, o costume era realizado na zona rural e constituía-se de uma espécie de comemoração pelo início da colheita. Como parte do ritual, os agricultores confeccionavam um boneco de cabaça, madeira e melão, tal qual um espantalho a quem o chamavam de “PAI VEI ou VOSSO PAI” que montado na sela de um animal e cortejado por um grupo de mascarados, com chocalhos atados à cintura e chicotes nas mãos, percorriam pelos sítios e vilarejos pedindo donativos para o já conhecido “PAI VEI” e sua grande festa.
Continuando o ritual, penduravam o boneco numa árvore e ao seu redor formavam um improvisado sítio ornamentado de vários tipos de fruteiras e legumes, representando a fartura daquele bom inverno. A comunidade inteira se fazia presente à grande festa que culminava com o saque do sítio, a derrubada do boneco a tiros de espingardas e a malhação.
Com o passar do tempo o costume se urbanizou e talvez pela proximidade da Semana Santa a tradição tenha assumido alguns aspectos relativamente religiosos e a partir de então se registra o início de um período de inovação cultural; a antiga denominação de “PAI VEI” é substituída por “JUDAS ISCARIOTES”; as estranhas criaturas mascaradas tornar-se-iam “CARETAS” e com eles também nascia uma ascendência cultural do povo jardinense e uma das mais expressivas das manifestações populares do sul do Ceará estaria nascendo.
A festa qual antes era apenas uma comemoração pelo início da colheita, passou a ter um perfil profano e ao mesmo tempo também religioso. Esta grande relação prende-se ao fato da substituição do “PAI VÉI” por Judas Iscariotes o traidor de Cristo que antes de ser enforcado e estraçalhado, deixava satiricamente o seu testamento, destinando os seus pertences aos privilegiados herdeiros.
Era o início de uma ascensão cultural cuja relevância se revelava pela beleza prodigiosa de uma manifestação puramente popular. O número de adeptos foi crescendo e com eles crescia também um grande legado histórico que passaria de geração à geração, conquistando popularidade, despertando as atenções da imprensa, estudiosos, curiosos, cineastas e escritores de todo o país.
A Festa dos Karetas de Jardim, como hoje é intitulada, foi inspiração para as lentes de conceituados fotógrafos como: Nívea Uchoa e Thiago Santana etc.
Foi paradigma de várias monografias e importantes teses que despertaram a atenção até de universidades internacionais, como exemplo, podemos citar a famosa tese de mestrado da Dra. Cláudia Leitão.
Foi protagonista de documentários importantes, produzidos pelo cineasta cearense Rosemberg Cariri, merecendo inclusive prêmio internacional.
Hoje a FESTA DOS KARETAS DE JARDIM foi incorporada ao calendário cultural do Estado do Ceará e do Brasil e notadamente, mesmo com as ameaças da modernidade, ainda continua exibindo sua imponente beleza cultural através da persistente vontade do seu povo.
Autor do Texto: Luiz Lemos
Fazer máscaras e incorporar um personagem de um Kareta envolve várias artes. Espero que vocês trabalhem para desperta a criatividade das Pessoas.
ResponderExcluirparabéns